quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Às vezes só queremos que o tempo passe mais depressa. Eu deito-me e tento dormir, para que a minha vida escorra para dentro desse copo vazio, sem que o sinta na alma, apenas no corpo. Há coisas irreversiveis. Coisas que por mais que eu tente mudar, nunca vou conseguir. A frustração das tentativas falhadas, do tempo perdido a acreditar que tudo por que luto vale a pena... o copo estala. Estala com a frieza que me consome e que eu não consigo transformar em algo de bom. Parte-se. Espalha-se pelo tampo da mesa os meus dias, as minhas crenças, os meus valores. Secam com o sol que me queima por dentro. E volto a ser nada, a ter nada.

2 comentários:

  1. O teu nada, lembra-te, não é menos que a univocidade de um espaço infinitamente vazio, onde têm lugar todos os espaços infinitamente cheios de tempos possíveis. Arde, mas como a fénix...

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  2. muito bom! a primeira coisa que leio da minha afilhada deixa-me babado, sim senhora...

    queremos que o tempo passe mais depressa com a esperança de que a vida nos traga aquilo que desejamos sem que tenhamos de passar por um processo penoso de lidar com todos os segundos infernais que nos levariam à loucura se os revestissemos do seu peso e importância

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